quinta-feira, 20 de março de 2008

Todas de mãos dads

Carlos Drummond de
Andrade


Mãos dadas

Não serei o
poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e
olho meus companheirosEstão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles,
considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos
afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma
mulher, de uma
história.Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.Não
distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.Não fugirei para ilhas nem serei
raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes,a vida presente.

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