segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Ninho

Ela era gorda e baixa.Sofrida era a expressão do seu rosto.Tinha uma voz quase servil.
Tinha uma cachorrinha que só comia se fosse mingau dado de colher.Também tinha dois gatos.Sua última aquisição era um passarinho.Era uma rolinha que ela tirou ainda do ninho.
Não.Ela não tinha filhos.Já teve um aborto e já teve um mioma.Não tinha mais o útero.
Toda ela era maternal.

sábado, 26 de abril de 2008

coisas acontecem...
pra variar.. no ônibus
Ele entrou com sua pele queimada pelo sol
expressões fortes e seu silêncio que doía feito
fome .Seu cabelo amarelado e suas roupinhas rasgadas.
E as unhas?As unhas eram sujas, bem sujas.
Ele andou entregando bilhetinhos que diziam mais ou menos assim
" Por favor
preciso comprar leite
para meu irmão"
e no final havia um agradecimento que dizia "OBRIGANDO"

domingo, 20 de abril de 2008

Things I Forgot At Birth

Há momentos na vida que nos deparamos com encruzilhadas, com medo, confusos, sem um mapa.
As escolhas que fazemos nesses momentos podem definir o resto dos nossos dias.
Claro que quando nos deparamos com o desconhecido, muitos preferem fazer a volta e retornar.
Mas de vez em quando as pessoas avançam para uma coisa melhor, uma coisa encontrada além da dor de ficar sozinho.
E só com bravura e coragem, conseguimos abrir nosso mundo a alguém. Ou dar a alguém uma segunda chance, alguma coisa além da persistência silenciosa de um sonho.
Somente quando você é testado é que realmente descobre quem você é.
E somente quando você é testado é que descobre quem você pode ser.
A pessoa que você quer ser existe, em algum lugar do outro lado do trabalho árduo, da fé e da crença.
E muito além da desilusão amorosa e do medo do que vem adiante.


(Texto escrito pelo personagem Lucas, do seriado One Tree Hill, e lido pelo mesmo no terceiro episódio, de título homônimo ao título deste post, da quarta temporada.)


"I give her all my love
That's all I do
And if you saw my love
You'd love her too
I love her"
(The Beatles - And I love her)

Especialmente para a Melancia "Pickles".

sábado, 19 de abril de 2008

Um homem muito gordo subiu no ônibus.Pensei que ele não passaria pela catraca.Sofri segundos por ele.Fiquei imaginando o quanto os seus olhos deveriam baixar de vergonha em situações
em que o seu corpo era colocado em julgamento:ele passa ou não passa na catraca?
O ônibus parou em frente a uma loja com passarinhos na gaiola.Ele a olhava.Que delicadeza de pensamento deveria ter o dono daquele corpo imenso diante de pássaros engaiolados?
.Eu passei e ele fiquou.Pensei que ele desceria pela porta detrás mesmo,mas não.
Surpresa...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Meu Pé de Melancia

"Abrir mão do prazer imediato já visando um prazer maior, mais gratificante, mais intenso e satisfatório, posterior.
É como comer pelas beiradas até que se chegue no centro repleto de recheio e aroma.

Mas que tremendo saquinho quando sigo esse princípio e, ao chegar no centro, na melhor parte, não consigo mais comer. Estou satisfeita com a beirada. Perdi o melhor da brincadeirinha porque comecei de leve e, de leve, me enchi!

Opto pelo que chamo de “princípio da melancia”.
Vizualize: ½ melancia, uma colher e seu miolo.
Começa-se cavocando o miolo - a melhor parte. Qdo chega-se às beiradas – aquelas em que às vezes vem a parte branca e amarga junto – a satisfação já foi quase plena e o prazer muito mais intenso. Abro mão do resto sem culpa.
Abrir mão do miolo é que dói. Deixar de lado a parte gostosa da brincadeira é que frusta. Sair do dito popular é minha definição de deixar as beiradas e ir logo ao que interessa. Princípio da melancia!

Não...
Quem me dera eu fosse assim tão impulsiva.
Na melancia é fácil. O núcleo não me assusta.
Na vida as beiradas servem para o preparo – são as preliminares.

Difícil é saber a hora de sair das preliminares e partir para o centro, já que esse momento não é tão fácil de ser encontrado quanto num prato de comida. O recheio que sobrou é o recheio procurado.
Como a vida é auto-renovável, pode-se passar toda ela nas beiradas, andando em circulos, se alimentando, mas nunca obtendo o prazer merecido.

Se um dia eu conseguir colocar em prática meu próprio princípio, quem sabe não passo a arranjar mais problemas ou, por ventura, soluções?"

Tirado de http://annabasseto.blogspot.com/



Minhas melancias... Sempre tão queridas. Bom saber que somos do mesmo pé.



sexta-feira, 4 de abril de 2008

Poema do diário de Frida

Diego. princípio
Diego. construtor
Diego. meu bebê
Diego. meu noivo
Diego. pintor
Diego.meu amante
Diego. meu marido
Diego. meu amigo
Diego. meu pai
Diego. minha mãe
Diego. meu filho
Diego. eu
Diego. universo
Diversidade na unidade.
Porque é que lhe chamo Meu Diego?
Ele nunca foi e nem será meu.
Ele pertence a si próprio.